Páginas

sexta-feira, 1 de abril de 2011

It girls, Color Blocks e a estética do poder

Color Blocks entrou como nova tendência forte para o inverno. O nome, inicialmente, não quer dizer muita coisa; no Canadá o nome é Blocks of Color. Mesmo assim não dá para se ter certeza do que se fala.


Ao notar a intervenção artística que está assolando grandes cidades, mesmo sem ter chegado a Porto Alegre, de preenchimento de rachaduras e buracos com peças de lego, que fui dar a devida atenção ao tal color blocking: peças multicoloridas que se encaixam perfeitamente. O Alemão Jan Vormann chama essa intervenção de dispatchwork, mas como já se propagou tanto, o nome já se perdeu em meio as multinacionalidades; os interventores que preenchem as ruas com as peças coloridas justificam que é uma forma de consertar e trazer cores para "cidades que já estão tão cinzas".


Então batemo-nos com as cores que normalmente dominam o inverno. Cinza. Negros. Acromacias. Há alguns anos tem se inserido focos de cores nesta cartela, mas as cores prioritárias para grande maioria das pessoas nesta época ainda segue esse princípio. E o Color Blocks surge para remontar o visual feminino, com cores contrastantes e texturas diversificadas. É um trunfo na mão das it girls do momento.


A base para essa mescla de cores e texturas é simples. O contraste e o bom senso. O link mais neutro costuma pender para os tons terrosos, numa bolsa ou colete. O visual é muito in, afinal, agrega um cunho artístico de fundo. Sim, você pode deixar o inverno menos cinza. Mas será que todo mundo pode usar? Ou melhor, será que você quer usar?


Não podemos ignorar que as tendências femininas dos últimos anos expressam a ascensão da mulher. Hoje, aquela mulher fútil e submissa deu espaço para a mulher poderosa, elitista, que é capaz de competir espaço com qualquer homem. Uma super fêmea.


Essa mulher é tão poderosa que esse visual moderno e ultramodelado acaba sendo muito criticado num todo. E se o visual contém informações tão complexas, qual a essência da indumentária, se não mostrar-se? E, desconsiderando os já muito falados visuais de protesto, sentir-se bem, confortável e bonita não está na essência do vestir-se?

As It Girls que me perdoem, mas grande parte delas não sabe se valorizar estéticamente. Conforme análises estéticos como o Color Me Beautiful, as cores corretas para cada pessoa são as que não omitem seu rosto, e sim, destacam-no. As cores têm influência direta na aparência, e deve se dedicar um tempo extra para saber como colocar o rosto em ênfase, bem como perceber as cores que o favorecem. O rosto deve aparecer em primeiro plano. Ou, em outras palavras, não é porque uma cor específica está na moda que você deverá usá-la.


Além disso, as peças que jogam com volumes normalmente são mal utilizadas. O tipo físico brasileiro é muito diferente do padrão mundial, e seguir as tendências que acabam rodando o mundo tem de ser muito ponderado. Hoje, em Porto Alegre, as modernosas que circulam pela Independência, além de bastante padronizadas quanto ao visual (e criticarem aquelas que são diferentes do padrão), normalmente não sabem valorizar as peças nem o corpo que têm.
Não, saia lápis cintura alta não fica bem para meninas com barriguinha, nem fecha bem com tênis All Star, e muito menos é um visual propício para meninas baixinhas. Vendo esses tantos detalhes, será que existem it girls em Porto Alegre?
E, mesmo que existam, temos de voltar a mencionar o crescimento social das mulheres. Afinal, chegamos a tantos ministérios e até à presidência. E isso, nessa estética do poder que circula nas prateleiras das lojas, chamou minha atenção ao blog The Man Repeller, onde a menina lista o visual que está super na moda, mas que na verdade é um elemento de afastar homens; seja por deixar a mulher menos feminina, seja por ser um elemento horroroso que foi incluído na moda. E, notando que os homens estão ficando secundários na busca das mulheres poderosas, a feminilidade estética ainda é um elemento muito prezado pelos rapazes.



Será que descobrirão como deixar os Color Blocks sexual, ou iremos nos
vestir como legos?



E por falar em tantas cores, não posso ignorar de deixar a atual referência de cor dos jovens, numa música daquelas bem rosa chiclete. Claro, poderia ser um episódio de Fresh Prince of Bellair, ou tantas outras referências do final dos anos 80, ou início dos anos 90, mas vamos optar por uma coisa mais moderninha…



(referência: www.ocafe.com.br/moda)

Nenhum comentário:

Postar um comentário